O Passageiro do Venice-Simplon (parte 2)

Locomotiva, vagões-leitos com compartimentos de primeira e segunda classe, vagão-restaurante e um bar lounge com um piano de cauda. Como conseguiram colocar o piano de cauda ali é mais um dos mistérios que cercam o Orient Express. Seja como for, é um excelente lugar para degustar uma dose de uísque 21 anos ao som de um agradável jazz ambiente. E também para conhecer quem serão os outros passageiros da viagem. Devo dizer que já notei alguns com feições suspeitas, e estou curioso para saber o que estão tramando.

Avançando com o projeto, seguindo as etapas 3 e 4 do método Snowflake. Já fiz um sketch básico de mais 4 personagens, embora os detalhes de seus históricos ainda não estejam prontos. Personagens são o elemento mais importante de uma narrativa, e numa narrativa de mistério, creio que não podem ser simplesmente pessoas aleatórias. Todos têm que ter um motivo para estarem no enredo, não só os personagens principais. Traduzindo em miúdos, todos os passageiros devem ter um motivo bem convincente para estarem a bordo do Orient Express.

Com relação ao mistério em si, eu já tenho os principais elementos (motivo do crime, meios e oportunidades) bem estabelecidos, mas ainda não completamente detalhados. Preciso marinar mais um pouco, procurando por furos de enredo e, nesse caso, tentando imaginar meios alternativos. O motivo do crime já está claro e é o que dará sustentação ao resto da história.

Ainda devo continuar nessas duas etapas do método Snowflake até estar satisfeito com o desenrolar do mistério. Acho que mais umas duas semanas bastarão, mas veremos. A inspiração fica por conta da ambientação noire inconfundível que só o trio saxofone, piano e bateria é capaz de proporcionar.

Estou no vagão lounge, olhando pela janela para a estação do lado de fora. Confiro o relógio de ponteiros. O trem era para ter partido há uns quinze minutos, conforme a tabela de horários. Mas há algo errado. Um problema qualquer com um dos passageiros, que não embarcou. Deve ser um passageiro importante, para ter atrasado o Orient Express.

Passei as duas últimas semanas preenchendo furos de enredo que localizei antecipadamente em minha ideia original. Esse talvez seja  o lado bom de escrever como um “plotter”, ao invés de um “pantser”. George R. R. Martin refere-se a essas modalidades de escritores como “arquitetos” ou “jardineiros”. Aqueles que planejam minuciosamente a história antes de começar o primeiro rascunho, e aqueles que começam a escrever e vão descobrindo a história à medida que escrevem. Com o “Svengali”, meu primeiro livro publicado, eu fiz parte do time dos “jardineiros”. Com este novo projeto, estou arriscando no time dos “arquitetos”. Acho que uma história de mistério e suspense seja mais fácil de escrever se já tivermos uma boa ideia de como o enredo vai se desenrolar.

O furo maior que tentei corrigir se enquadra em um dos três elementos do crime: o motivo. Acredito que consegui encontrar um motivo plausível para o crime acontecer, ligando os elementos centrais da minha ideia original com os personagens (os passageiros do trem). Agora que esse elemento talvez esteja resolvido, devo voltar ao método Snowflake para incorporá-lo ao meu “outline”. Devo passar este próximo feriado trabalhando nisso e, quem sabe, terminando o “sketch” dos demais passageiros.

Enquanto isso, vou sonhando com uma ambientação baseada em outro trem expresso bastante famoso: o Hogwartz Express.

O Passageiro do Venice-Simplon (parte 1)

“Escreva sobre o que você conhece” é um dos conselhos que escritores iniciantes recebem. Apesar das boas intenções, não sei se concordo muito. Me parece ser algo limitante demais para um tipo de atividade baseada na imaginação de quem escreve.

Eu diria que “escreva sobre o que você gostaria de conhecer” ou “escreva sobre o que lhe interessa” são conselhos melhores. O que não conhecemos, afinal, sempre pode ser conhecido com uma pesquisa bem feita na internet.

Apesar de ser um dos meus sonhos (e uma das viagens de turismo na minha lista de coisas a fazer num futuro próximo), eu nunca tive o prazer de percorrer a Europa a bordo de um trem. Em particular, do (talvez) mais famoso deles: o Orient Express.

Levando-me pelas máximas acima (e já que uma viagem real pelo Orient Express está além do meu alcance no momento), resolvi escrever sobre aquilo que gostaria de conhecer e sobre aquilo que sempre me interessou.

Vou tentar, então, embarcar nessa viagem. Inspirado, obviamente, no clássico da Agatha Christie, mas também em vários outros títulos de mistério e suspense (e, talvez, com uma pitada de elementos sobrenaturais), pretendo dar voz a essa ideia e subir a bordo do Orient Express para mais uma aventura.

Até onde o Orient Express vai me levar? Não sei. Mas, estou ansioso para descobrir. Pois, a partir de hoje, serei eu “O PASSAGEIRO DO VENICE-SIMPLON”.

Já estou na plataforma de embarque, e começo a ouvir o burburinho dos meus personagens conversando, prontos para subir a bordo do mais famoso trem da literatura de mistério.

Estou seguindo adiante com o projeto. Como se trata de um livro principalmente de mistério, creio que o enredo deve estar bem detalhado antes do início da escrita, propriamente dita. Resolvi utilizar uma versão ligeiramente modificada do método de estrutura de narrativa proposto por Randy Ingermanson, o Método Snowflake (Floco-de-Neve). Coloco links abaixo para uma descrição mais detalhada desse método, a quem se interessar.

Resumidamente, é assim: partimos de uma ideia inicial pequena (uma única sentença que descreva a história que queremos contar) e vamos expandindo os detalhes em parágrafos, depois em páginas, etc. Até o momento, eu completei os dois primeiros passos do método e dei início ao terceiro. São eles:

  • Passo 1

    Escrever um sumário de uma sentença que resuma a história. Já está pronto. Não vou divulgar ainda, pois pode ser que mude no decorrer do planejamento do enredo. Aliás, o próprio título deste projeto já deve sofrer uma alteração. Não fiquem com “Passageiro do Venice-Simplon” por muito tempo.

  • Passo 2

    Expandir a sentença do primeiro passo em um parágrafo inteiro com mais ou menos 5 frases, resumindo o início, o meio e o final da história. Já está pronto. Ainda não tenho os detalhes do desenvolvimento do enredo, mas já tenho uma ideia do que precisa acontecer e (mais ou menos) como vai terminar. Nada disso será engessado. Personagens têm a incrível capacidade de fazer coisas por conta própria e levar o enredo a lugares que não foram previstos.

  • Passo 3

    Sumário dos personagens principais, seus nomes, sua participação no enredo, suas motivações, seus conflitos e suas epifanias. Já tenho pronto o “sketch” da protagonista, e os nomes e ideias para outros 4 personagens (4 outros passageiros do Orient Express) que farão parte do enredo. Devo terminar este passo nos próximos dias.

Apresento meu bilhete ao jovem e simpático condutor, com o clássico uniforme azul da Wagon Lits, e sou direcionado pelo corredor do vagão, até o compartimento-leito em que ficarei até o final da viagem. Primeira-classe. Posso sonhar, afinal de contas, não?

Encontrei uma trilha sonora bem interessante, para dar mais inspiração e ambientação ao planejamento. Segue o link:

Próxima atualização no próximo final de semana. Espero que, até lá, o condutor da Wagon Lits já tenha anunciado a partida e que estejamos todos a bordo. Meu bilhete, pelo menos, já está em mãos.

Ainda estou no terceiro estágio do método Snowflake para a construção do enredo, em que preciso fazer o sketch dos personagens principais. Tenho um sumário até que bem completo (com descrição física, histórico e motivação) para três personagens. Está sendo um pouco mais difícil fazer um sketch completo de outros dois personagens centrais, embora eu já tenha seus nomes, descrição física e papel no enredo.

Vou avançando, sem me deixar demorar demais em pontos onde o desenvolvimento empaca. Por isso, já comecei o quarto estágio do método Snowflake (seguindo em paralelo ao terceiro) já tomando a liberdade de alterá-lo um pouco. Em vez de elaborar o sumário de 1 parágrafo do enredo (do estágio 2), comecei a pensar nos detalhes do mistério a ser solucionado. Isso talvez me ajude a amarrar um pouco mais os personagens, dando maior coerência a suas motivações.

Quero ver se até o próximo final de semana eu já tenha todo o corpo do mistério bem detalhado. Meu objetivo, ao longo desta próxima semana, será, portanto, escrever um sumário dos 3 elementos centrais de todo crime: motivos, meios e oportunidades. Vamos ver se eu consigo decifrar esse quebra-cabeças no prazo.

Uma ambientação inspirada na temática Dark Academia talvez me ajude nessa empreitada. Segue link abaixo.

Um abraço e até a próxima!

Aventuras na autopublicação

Clique na imagem acima para ver o vídeo

Cada vez mais, a autopublicação por meio de canais digitais (Amazon KDP e o Clube dos Autores são os que me vêm à mente assim de bate-pronto) vem se tornando uma alternativa não só possível como também interessante para escritores iniciantes. A facilidade de se lançar um livro por este caminho, porém, vem com seu preço: compete ao escritor realizar todo o trabalho de produção que vem depois do livro estar escrito. Compete ao escritor percorrer o caminho entre o “FIM” no manuscrito, e ver um exemplar em alguma estante, física ou virtual.

A diagramação do livro é uma das etapas da autopublicação. Não sou diagramador, mas há algumas dicas que posso passar adiante, depois de ter passado horas e horas na frente da tela, corrigindo margens, verificando paginação e cabeçalhos e eliminando as chamadas palavras e linhas “viúvas” e “órfãs”.

O Microsoft Word é um excelente processador de texto, mas é bem sabido que ele não é o programa ideal para a diagramação depois que o texto está pronto. Ainda assim, é possível fazer uma diagramação básica e tornar um manuscrito todo em Times New Roman, numa folha A4, em algo com jeitão de um livro. No vídeo que acompanha este post, eu mostro as ferramentas básicas do Word que podem ser úteis para quem irá preparar seu livro para a publicação. Neste primeiro post da série “Aventuras da Autopublicação”, eu vou tentar ilustrar:

  1. Como mudar o tamanho do papel para um tamanho padrão para livros de ficção.
  2. Como configurar as margens.
  3. Como aplicar estilos no corpo do texto, nos títulos e nos subtítulos.
  4. Como incluir uma letra capitular.

Em um próximo vídeo, devo trazer outras técnicas e ferramentas que eu usei enquanto fazia a diagramação do Svengali. Espero que seja útil.

Um abraço, e até a próxima!